Fayda defende equidade de gênero nas empresas para uma gestão inovadora

“Como construir espaços para lideranças femininas em cargos de decisão” foi o tema da palestra ministrada pela advogada e influenciadora Fayda Belo durante o 14º Encontro de Líderes, nesta quarta-feira (29). Criminalista especializada em crimes de gênero, direito antidiscriminatório e feminicídios, Fayda é pós-graduada em Direito Penal e Processo Penal e tem se destacado pela sua atuação voltada ao combate à violência contra a mulher com ênfase em questões relacionadas à raça. 


Fayda iniciou questionando se existe trabalho para homem e para mulher, relembrando sua infância, quando era impedida de montar seu próprio carrinho de rolimã. Segundo a palestrante, desde cedo, a sociedade impõe barreiras baseadas no gênero. "Assim, o Estado e as leis constroem a ideia de que a mulher, por ter um corpo considerado frágil, precisa de alguém para guiá-la. Durante muito tempo, para abrir uma conta bancária ou conseguir um emprego, era necessária a anuência do pai ou do marido", lembrou a advogada. 

Desta forma, criou-se a noção de que as mulheres deveriam se limitar a profissões ligadas ao cuidado, como professoras e enfermeiras, enquanto os homens eram destinados às atividades intelectuais. "Mesmo avançando em nossos direitos, isso não aconteceu de maneira igualitária. A corrida pode ser a mesma para todos, mas a largada não foi.", ressalta Fayda. 


Apesar de a lei afirmar que homens e mulheres são iguais, apenas 28% das profissionais na área de STEM — sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática — são mulheres, e apenas 13% ocupam cargos de liderança. Segundo Fayda, de alguma forma, persiste no imaginário coletivo a ideia de que existem profissões definidas por gênero, reforçando a discriminação. "Quando uma mulher ocupa espaços tradicionalmente masculinos, ela enfrenta hostilidade, assédio e a sensação de não pertencimento. Um estudo de 2011 mostra que, desde a primeira infância, as crianças são direcionadas para determinadas áreas: meninos para STEM, meninas para outras funções. E essa realidade se replica no mercado de trabalho.", disse a advogada. 

Fayda Belo também apresentou dados relevantes. Segundo ela, o assédio nas empresas aumentou 38%, e 80% das mulheres não denunciam esses casos. Além disso, empresas que promovem a equidade de gênero lucram 25% mais do que as que não adotam essa prática, além de serem mais inovadoras."Precisamos investir em ambientes equânimes, seguros e em ações afirmativas, como o Programa Mulher realizado pelo Sistema Confea/Crea". 
 

Assista a apresentação de Fayda Belo durante o 14º Encontro de Líderes:
 
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Sobre Fayda 
No ano passado, Fayda Belo foi nomeada especialista em crimes de gênero para integrar o Fórum Nacional de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A advogada capixaba, conhecida no TikTok e no Instagram como @faydabelo, acumula impressionantes 1,8 milhão de seguidores –apelidados de "crimelovers" – na primeira plataforma, além de outros 384 mil no Instagram. Sua popularidade reflete sua habilidade única de abordar temas como legislação, direitos das mulheres, equidade racial e Constituição Federal de forma acessível. “O que me diferenciou, desde o início da carreira, é que traduzo o ‘juridiquês’ para a linguagem popular. Falo sobre leis de um jeito que todo mundo entende”, explica Fayda. Esse alcance e dedicação ao direito antidiscriminatório renderam a ela o prêmio das Black Sisters in Law (@blacksistersinlaw), um coletivo de advogadas negras, na categoria Direito Antidiscriminatório. 

A mesma abordagem descomplicada está presente no seu livro, “Justiça para Todas – O que toda mulher precisa saber para garantir seus direitos”, lançado no ano passado. A obra funciona como um verdadeiro manual, explicando de forma clara os diferentes tipos de violência que as mulheres podem sofrer, com base na legislação brasileira – desde crimes contra o patrimônio até o chamado "estelionato sentimental".

Fonte: www.creadf.org.br