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Pela primeira vez na história da Coordenadoria de Câmaras Especializadas de Geologia e Engenharia de Minas (CCEGEM) uma mulher assume a liderança. A geóloga Sheila Klener traz uma trajetória sólida e multidisciplinar, consolidada por sua formação na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e pelo mestrado em geociências pela Universidade Estadual Paulista (Unesp/Rio Claro). Com uma atuação expressiva no setor, ela é conselheira do Crea-MT, presidente da Associação Profissional dos Geólogos de Mato Grosso (Agemat), vice-presidente da Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo) e presidente do Fórum Mineragro. Além disso, desempenha papel ativo na esfera pública como deputada estadual no Mato Grosso e professora, ao mesmo tempo em que atua como analista ambiental e coordenadora do setor de licenciamento ambiental de empreendimentos minerários na Secretaria de Estado do Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA/MT).
Em entrevista, a coordenadora titular afirma ter como missão não apenas fortalecer a importância das engenharias geológica e de minas no desenvolvimento do Brasil, mas também abrir caminhos para que mais mulheres participem ativamente das entidades de classe, dos conselhos e dos fóruns de decisão. Sua atuação anterior no Programa Mulher no Mato Grosso demonstra esse compromisso, ao incentivar a inserção e o retorno de engenheiras ao Sistema Confea/Crea, promovendo um ambiente mais inclusivo e plural. Sua presença à frente da CCEGEM reforça a competência e o protagonismo feminino no setor, desafiando barreiras históricas e promovendo a equidade.
Além da pauta de igualdade de gênero, sua gestão se propõe a enfrentar desafios estratégicos, como aprimorar a fiscalização profissional, impulsionar a inovação tecnológica e fortalecer a interlocução com o governo para garantir políticas públicas mais eficazes. Com um olhar técnico e uma visão transformadora, a geóloga Sheila inicia este ciclo reafirmando que a competência independe de gênero e que as mulheres têm muito a contribuir para o futuro da engenharia no Brasil.
Site do Confea: Comente o ineditismo e a importância de uma mulher está ocupando pela primeira vez a liderança da CCEGEM. Neste posto, como você pretende contribuir para a promoção da igualdade de gênero no Sistema Confea/Crea e, assim, construir uma sociedade mais justa, livre e solidária?
Ser a primeira mulher a coordenar a câmara em toda sua história é um orgulho e uma grande responsabilidade, pois sabemos o quão masculino é o ambiente das engenheiras e principalmente a engenharia geológica e a engenharia de minas. As mulheres tiveram pouca representatividade junto à câmara. Tivemos apenas duas mulheres como adjuntas. Em 2016 a engenheira de minas Adriana Di Spirito, do Crea-ES, e em 2019 a geóloga Sílvia Cristina Benites Gonçalves, do Crea-AM. Como coordenadora, pretendo continuar com os trabalhos que já vêm sendo desenvolvidos ao longo desses anos, buscando principalmente mostrar para a sociedade a importância dessas duas engenharias na construção do desenvolvimento de nosso país. A igualdade de gênero sempre foi e será uma grande bandeira da minha vida. Fui coordenadora do Programa Mulher em Mato Grosso em 2023 e 2024. Por meio do programa consegui, junto com minhas colegas, trazer muitas engenheiras para o Sistema e resgatar aquelas que já tinham desistido de participar do Conselho. Como coordenadora, meu principal objetivo é inspirar outras profissionais da geominas a participarem de entidades de classe, se candidatarem aos conselhos e se disporem a participar dos fóruns de discussões nacionais, como esse.
Somos competentes e temos excelência no que fazemos. Precisamos nos mobilizar junto à sociedade e mostrar que, assim como os homens, somos capazes de construir soluções para o desenvolvimento do Brasil.
Site do Confea: Durante o Encontro de Líderes do Sistema Confea/Crea, quais temas foram priorizados para discussão e transformação em propostas ao longo de 2025?
Seguindo as diretrizes da Comissão de Ética e Exercício Profissional (Ceep), atuaremos na propositura de melhorias relacionadas ao cumprimento do que os profissionais apontam sobre as Anotações de Responsabilidade Técnica (ARTs). Contribuiremos com sugestões para o Manual de Gestão do Programa de Transferência de Recursos, principalmente melhorando a atuação da fiscalização profissional. Iremos propor o plano plurianual, identificando os principais gargalos enfrentados pela modalidade nos âmbitos da fiscalização e da ética profissional. Resgataremos o Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre o Confea e a Agência Nacional do Petróleo (ANP), pois o setor de petróleo e gás precisa ser abrangido dentro do Sistema.
Site do Confea: Considerando que engenheiros possuem a capacidade técnica e a visão estratégica necessárias para planejar, executar e fazer manutenção de obras e serviços que impactam diretamente a qualidade de vida da população, quais são os planos da coordenadoria para expandir a interlocução com o governo e o Congresso Nacional, visando contribuir para a formulação de políticas públicas mais eficazes?
Toda a atuaçao do Crea está intimamente ligada às decisões políticas do Brasil. Para se desenvolver, um país precisa de infraestrutura e de tecnologia. Todas as modalidades do Sistema têm muito a contribuir com a criação de políticas públicas. A coordenadoria pretende ser uma ponte com o setor de comunicação e também com assessoria parlamentar do Confea, buscando abertura de novas frentes e mostrando para a sociedade brasileira a necessidade de se conhecer o maior conselho profissional da América Latina.
Coordenadora Sheila Klener e o adjunto, o geólogo Lucindo Antunes Fernandes Filho (Crea-AM)
Site do Confea: Desde o ano passado, está em andamento o Programa "Força-Tarefa Nacional de Fiscalização". Como a coordenadoria pretende trabalhar no sentido de aprimorar a eficiência das ações de fiscalização dos Creas?
Como dito anteriormente, devemos ampliar as discussões das comissões que trabalham nos acordos de cooperação técnica com a Agência Nacional de Mineração (ANM) e com a Agência Nacional do Petróleo (ANP). O alinhamento com essas duas autarquias, com certeza, abrangerá uma grande parte da modalidade, principalmente em relação à fiscalização profissional e à emissão de ARTs.
Site do Confea: O Sistema Confea/Crea vem atuando com foco na inovação, na transformação digital e na gestão mais eficaz. Como a coordenadoria pretende agir nesse sentido ao longo deste ano, levando em conta principalmente a iniciativa “inserir novas tecnologias nos processos fiscalizatórios”, prevista no rol de metas nacionais de fiscalização 2025-2027?
É de suma importância que os Creas comecem a utilizar ferramentas de geotecnologia principalmente nas ações fiscalizatórias. Há também a necessidade de uma integração com os órgãos de gestão e controle de obras e empreendimentos. Dessa forma, esta coordenadoria irá ratificar a importância do uso dessas geotecnologias também na área da geominas. Outra ação que os Creas devem adotar é a digitalização de todos os seus procedimentos.
Site do Confea: Que impacto duradouro você espera gerar para os profissionais e para o Sistema com o trabalho desenvolvido em 2025?
Principalmente dar visibilidade às mulheres da geominas. Que a presença de mulheres no cargo de coordenadora titular ou coordenadora adjunta seja constante. E, claro, continuar os acordos de cooperação com a ANM e a ANP. Essas são minhas principais metas para 2025 enquanto coordenadora da CCEGEM.
Fonte: www.confea.org.br