No Sistema Confea/Crea, a participação feminina emerge com força transformadora. A cada eleição, há um avanço histórico rumo à equidade de gênero, refletido no crescente número de mulheres assumindo a presidência dos Regionais, em que as mulheres não só conquistam espaço, mas também lideram com excelência. Atualmente, oito mulheres estão à frente da presidência de Creas, sendo que a alagoana Rosa Tenório, além de presidir o Regional, também coordena o Colégio de Presidentes (CP), fórum que reúne todos os líderes dos Regionais. Cabe ressaltar que, no decorrer dos 90 anos do Sistema Confea/Crea, é a terceira vez que o CP é coordenado por uma mulher.
Para Rosa, nos últimos anos, os números indicam um maior envolvimento das mulheres, não apenas no processo eleitoral do Sistema Confea/Crea e Mútua, mas em todo o processo de politização social. “Dentro dos Conselhos de Engenharia, a participação feminina tem se intensificado cada vez mais. Um exemplo disso é que, antes da minha primeira eleição, tínhamos apenas quatro presidentes mulheres. Em 2020, esse número aumentou para seis e no pleito de 2023 garantimos oito presidentes mulheres para o triênio 2024-2026. Minha avaliação é que tudo isso faz parte de uma mudança cultural que evolui lentamente, consolidando ainda mais a participação feminina”, analisa Rosa.
No ano em que celebra seu 90º aniversário, o Crea-SP tem mais um motivo para comemorar ao eleger a primeira mulher para presidir a autarquia: Lígia Mackey. A engenheira tem mais de 30 anos de carreira, entre a construção civil, o associativismo e o Sistema Confea/Crea e Mútua. “Ser a primeira mulher presidente no Crea-SP me traz o desafio de assumir a liderança por outras mulheres. Isso com o objetivo de diminuir os obstáculos para que mais delas ingressem nas profissões da área tecnológica e para que o nosso Sistema seja mais diverso e equitativo. Além do mais, estar à frente do maior conselho profissional da América Latina, por si só, não é um desafio pequeno: estamos falando de um universo de 350 mil profissionais e 95 mil empresas”, pondera Lígia.
Além do marco alcançado pelo Crea-SP, o Crea-AM também apostou no poder feminino ao eleger Alzira Miranda, engenheira de pesca e professora universitária, como sua representante. Após um intervalo significativo de quase meio século, ou seja, 49 anos, o Conselho Regional do Amazonas terá uma mulher à frente de sua presidência. Sobre seu mandato, ela explica que o objetivo é viabilizar entidades que possam fortalecer a participação feminina. "Atualmente, a presença feminina no Crea-AM é inferior a 10%, e no plenário, não chega a 5%. Estamos comprometidos em ampliar a representatividade feminina, incentivando mais mulheres a assumirem cargos de liderança", declara ela, determinada a impulsionar mudanças significativas em prol da igualdade de gênero dentro da instituição.
Reeleitas
O avanço da liderança feminina no Sistema é notável, e a reeleição de cinco presidentes dos Creas AC, AL, MS, PA e RS comprova que essas gestões foram bem sucedidas a ponto de serem reconduzidas pela maioria do eleitorado.
Para Carmem Nardino, presidente do Crea-AC, iniciativas como o Programa Mulher estimulam a participação feminina. “Acredito que esse avanço é fruto do diálogo e da abertura de espaço para a liderança feminina no Sistema. O Programa Mulher desempenhou um papel importante ao destacar o trabalho das mulheres profissionais no Sistema, tanto as líderes quanto aquelas que contribuem diariamente em suas profissões. Isso contribuiu significativamente para aumentar o número de mulheres eleitas no Sistema”, acredita Nardino.
Primeira candidata à presidência em 44 anos de existência do Crea-MS, Vânia Melo foi reeleita e afirma ser perceptível a ampliação da participação feminina. “Sempre busco incentivar essa participação das profissionais para que a gente busque construir juntas essa gestão de equidade, de ações semelhantes para que possamos sedimentar esse espaço. Então, essa participação é muito importante. Hoje, nós já temos aqui no nosso conselho profissional essa participação da mulher, e as jovens profissionais já estão vendo a importância dessa contribuição em nosso estado”, diz.
Para seu segundo mandato no Crea-PA, Adriana Falconeri anuncia que as inspetorias passaram a ter um comando multiprofissional e com duas lideranças, constituídas por um homem e uma mulher. “Justamente para oportunizar a participação das mulheres. Buscamos essa equidade também na nossa diretoria e esse foi o primeiro ano em que nós temos três mulheres dos sete diretores, também de várias profissões. É importante também que a gente leve o Programa Mulher à universidade e às escolas, entre outros temas, como a ética profissional e o registro de empresas”, afirma.
Nanci Walter, a primeira mulher a assumir a presidência do Crea-RS, reforça a importância da ocupação de espaços pelas mulheres em diferentes frentes. "Como a primeira mulher eleita e reeleita presidente do Crea-RS, em 90 anos, reconheço o meu papel na promoção da representatividade feminina. Como mãe, filha, profissional apaixonada pela engenharia e, principalmente, mulher, estou comprometida em impulsionar a presença de mais mulheres em cargos de liderança e nas áreas tecnológicas. As mulheres têm um perfil agregador, aprendendo desde cedo a assumir diferentes papéis. É importante priorizar o engajamento das mulheres em todas as etapas, desde a base até as profissionais que compõem nosso Sistema. Buscar a aproximação com as escolas e universidades para manter diálogo com as estudantes, abrindo espaço para que elas se sintam pertencentes das atividades que envolvem o Conselho."
Já Adriana Resende, que sucede uma mulher na presidência do Crea-DF, acredita que a ascensão da participação feminina nas eleições do Confea marca um momento histórico, refletindo o reconhecimento da competência e habilidade das mulheres nas áreas de engenharia, agronomia, geociências e tecnologia. “Este avanço é indicativo do progresso em direção à igualdade de gênero nessas profissões, trazendo consigo perspectivas inovadoras e contribuições valiosas para a gestão do Confea. A presença das mulheres em posições de liderança é essencial, enriquecendo tanto as discussões quanto as decisões com uma visão única sobre os desafios que afetam nossa sociedade e nossa profissão.”
A crescente participação feminina no Sistema representa não apenas uma evolução histórica, mas também um avanço significativo em direção à equidade de gênero nas áreas de engenharia, agronomia, geociências e tecnologia. Este movimento é essencial não apenas para o fortalecimento do Sistema, mas também para o progresso da sociedade como um todo, mostrando que a diversidade de gênero é um ativo fundamental para o sucesso e a evolução contínua.
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Fonte: Confea