Conheça a primeira usina fotovoltaica flutuante em cava de mineração da América Latina

O Mosteiro da Sagrada Face fica no simpático município de 10 mil habitantes chamado Roseira, no Vale do Paraíba, no interior de São Paulo. Entre Taubaté e Aparecida, a pequena cidade guarda fortes tradições religiosas e um muro de pedras goiás que sustentam o letreiro azul que reitera seu nome "Roseira". É também lá que está a primeira usina flutuante de energia solar da América Latina construída em uma cava exaurida de mineração.

Inaugurada em 22 novembro de 2023, a usina conta com uma potência instalada de 1 MWp e em dezembro gerou 120 MWh, o suficiente para abastecer 400 residências. Trata-se de um hectare, uma ocupação de 5% do lago com a usina flutuante. 80% financiado pela agência do empreendedor Desenvolve SP, o investimento no projeto foi de R$ 5.357.225,81, e contou com operacionalização das empresas AB Areias (de mineração), Coelte (de Engenharia Elétrica e energia solar) e F2B (de fotovoltaicos flutuantes).


 

Solução para o presente
"A geração solar no Brasil vai nos possibilitar o crescimento industrial, por nossa matriz energética ser limpa. Na área rural, do agro, temos muitas áreas alagadas que podemos implantar usinas flutuantes", comemora o engenheiro eletricista Sérgio Martins, sócio-diretor da Coelte, responsável por desenvolver o projeto.

"Foi uma possibilidade de recuperação ambiental imensa, imagina reutilizar uma cava exaurida de mineração, que não tem muitas possibilidades. Antes se utilizava para piscicultura, mas encontramos uma nova possibilidade de exploração. Além disso, diminuímos a evaporação dessas lagoas", completou Martins.

Para o economista e sócio-diretor da F2B, Orestes Golçalves, a inauguração da usina e os novos modelos de contratações que o projeto pode proporcionar significa um avanço das políticas ESG (sigla para Environmental, Social and Governance) e uma transição energética do setor produtivo. "Foi um desafio importante. Ao utilizar uma cava exaurida, demos uma destinação ambiental e econômica para uma área antropizada, é um sinal positivo para a terra. É um sinal importante para o mercado que promovamos uso renovável em áreas já impactadas".

Foi a F2B de Orestes a responsável por fabricar os flutuadores, peças sobre as quais foram instalados os painéis solares. "A tecnologia é italiana. Fomos até a Itália aprender (com a empresa NRG Island) como eram feitos, para voltar e fabricar no Brasil. Não era interessante importar por causa do transporte. São peças grandes com muito ar dentro, você paga para transportar ar". No total, foram instalados 1.854 painéis fotovoltaicos.

Fonte: Confea