Em sessão solene na Câmara dos Deputados nesta quinta (22/6), o Confea homenageou a participação feminina na Engenharia, na Agronomia e nas Geociências. A cerimônia, que atendeu a solicitação da deputada federal eng. agr. Marussa Boldrin (MDB-GO), antecipou em um dia a celebração do Dia Internacional das Mulheres na Engenharia e reuniu diversas lideranças e representantes das profissionais do Sistema. Recebido pela deputada federal Jack Rocha (PT-ES) e acompanhado por sua esposa, a engenheira civil Poliana Krüger, o presidente do Confea, eng. civ. Joel Krüger, destacou as iniciativas desenvolvidas por sua gestão em prol da igualdade de gênero no Sistema.
Em sua fala, Joel destacou que a data foi criada pela Women’s Engineering Society em 2014 como “um incentivo para a luta de todas estas mulheres profissionais que temos em todo o Brasil, atuando em benefício da sociedade e das nossas profissões”. O presidente do Confea comentou então a criação do Programa Mulher no Crea-PR em 2016 e que seria levado ao Confea ao início de seu primeiro mandato. “Queríamos dar essa amplitude nacional e em 2018 criamos o Programa no Confea como espaço de abertura de oportunidades às nossas profissionais em todo Brasil. A sessão solene de hoje coroa esse trabalho de todas essas profissionais do Sistema”, considerou.
Ao comentar as falas do presidente do Confea e as das representantes que compuseram a mesa de trabalhos, a deputada Jack Rocha lembrou que o atual Parlamento contempla a sua maior bancada feminina. “Mulheres devem ficar onde quiserem. Temos hoje sete mulheres ocupando a presidência dos Creas. Essa representatividade está inspirando meninas a entrar nesse espaço que é tão desafiador”, disse a deputada, saudando o lançamento da Frente Parlamentar Mista do Sistema Confea/Crea e Mútua, a que esteve presente na noite anterior, e parabenizando o trabalho das engenheiras na implementação das políticas públicas, ao lamentar que o Brasil esteja com mais 250 mil obras paradas.
“Temos que dar visibilidade a vocês que estão elaborando os projetos. O desenvolvimento passa pelas mãos dos brasileiros e brasileiras que têm esse comprometimento. Saber que o Sistema Confea/Crea está unido com esse objetivo nos traz esperanças de mudanças. O Programa Mulher é muito importante para o Brasil. A gente precisa muito do Sistema. Temos perspectiva de fazer o setor de Engenharia e de Agronomia voltar a ser cada vez mais importante para o Brasil”, disse, lembrando ainda a necessidade de investimentos no ensino básico. “O futuro do planeta sustentável é verde, transparente e feminino”, afirmou, pedindo uma salva de palmas para as presidentes de Crea presentes: Nanci Walter (Crea-RS), Vânia Abreu de Mello (Crea-MS), Rosa Tenório (Crea-AL), Ana Adalgisa (Crea-RN), Fátima Có (Crea-DF), Adriana Falconeri (Crea-PA) e Carmem Nardino (Crea-AC).
Representações
Ao representar o Colégio de Presidentes na cerimônia, Nardino citou que a engenharia, desde os primórdios, exerce um papel ímpar em nosso planeta e no país. “Assim, a interação com tecnologia avança cada vez mais, participando da qualidade de vida, desde o Brasil colônia. E continuará sendo para o desenvolvimento sustentável do país. Nesse momento, a mulher ainda tem uma participação muito pequena, não por falta de capacidade, mas por falta de incentivo e oportunidade e pela nossa questão cultural. Por isso, a importância do Programa Mulher, criado na gestão do presidente Joel, minimizar essa disparidade, incentivando a participação feminina nesses espaços de poder. As mulheres engenheiras estão sempre em busca de igualdade. Comemorar o Dia Internacional da Mulher na Engenharia tem o objetivo de não só trazer a participação feminina na engenharia, mas o de fortalecer esse espaço diante de tantos desafios a enfrentar. Não são apenas lutas melhores condições de trabalho, mas também reconhecimento a esse esforço já feito. Não queremos ser melhores, queremos tão somente ser iguais em tratamento e oportunidades”, declarou.
Já a engenheira mecânica Michele Costa, representante do plenário, agradeceu o apoio da deputada Marussa Boldrin, responsável pela aprovação da sessão plenária. “Fico honrada de participar desde a aprovação dessa data. Não represento só o plenário, mas todas as mulheres do Sistema e me sinto representada por cada uma de vocês. O Programa Mulher foi o maior incentivador de todo esse movimento de mulheres profissionais. Hoje, somos três mulheres entre 18 conselheiros no plenário, isso já é uma mudança devido a e esse programa que tem incentivado ocuparmos os nossos cargos de liderança”, disse a conselheira federal, agradecendo o empenho do presidente Joel pelo espaço.
Representante das coordenadoras do Programa Mulher, a geóloga Sheila Klener, do Crea-MT, comentou a importância da educação e teceu um histórico onde “as engenharias eram conhecidas como profissões masculinas. Só 200 anos depois, começam os registros das engenheiras”. Para ela, a data a ser comemorada oficialmente nesta sexta (23/6) deve inspirar as mulheres como engenheiras. “Vivemos em uma sociedade com desafios complexos que necessita de soluções inovadoras. Vemos uma disparidade constante de gêneros. É imperativo que tomemos medidas energéticas para incentivar a participação feminina. As mulheres continuam sub-representadas nesse campo. É fundamental que sejam criados espaços inclusivos para oportunidades de acesso”, afirmou, ressaltando a necessidade de ampliar a representatividade feminina no processo eleitoral do Sistema.
Irmã da deputada federal Marussa Boldrin, a engenheira de alimentos Melissa Boldrin representou as inspetorias dos regionais. “Tenho imenso orgulho de representar as inspetorias que fazem parte do Sistema. Somos o suficiente para fazer a diferença. As inspetoras atuam de forma efetiva para melhorar o nosso país”. Lembrando a atuação da irmã e o lançamento, no dia anterior, da Frente Parlamentar que tem o objetivo de valorizar homens e mulheres para o incentivo dessas profissões, manifestou seu “orgulho imenso” de representar as colegas. “Seremos representadas por muitas mulheres nesse parlamento que vão mostrar que o Sistema é importante para o país e para a qualidade de vida das pessoas”, considerou.
A deputada Jack Rocha também apresentou as manifestações da deputada Marussa Boldrin e do presidente da casa, Arthur Lira (PP-AL). “Nós nos pronunciamos pela igualdade de funções entre homens e mulheres que atuam na engenharia, o que é algo muito nobre, conforme previsto na Constituição Federal, que prevê incentivos específicos para o mercado de trabalho feminino. Muito se avançou na igualdade laboral entre os gêneros, mas necessitamos avançar ainda, afinal as mulheres constituem menos de um quinto dos registros no Sistema Confea/Crea, tendo remuneração 38% menor do que a dos homens”, disse Lira, afirmando ainda que é preciso celebrar conquistas já realizadas. “O Dieese apurou o crescimento de 132% do número de mulheres matriculadas no curso de engenharia entre 2002 e 2015. Cresceu a participação de mulheres e precisamos ampliar essa tendência. A Câmara tem feito sua parte, como a criação da Frente Parlamentar de Fomento à Qualificação, Inclusão e Subsistência das Mulheres na Construção Civil. Hoje, nos reunimos para inspirar, visando melhorar esses avanços”.
Já o pronunciamento da deputada Marussa Boldrin destacou a importância da celebração da data como uma oportunidade para reconhecer as conquistas das mulheres dessa área, tradicionalmente dominada por homens, e superar preconceitos mantidos ao longo dos anos. “Não há limites para as mulheres no mercado de trabalho em qualquer nicho. A engenheira agronômica é essencial para a economia brasileira. As mulheres têm desempenhado papel fundamental com talento e contribuição para o avanço científico. Sabemos que o caminho para a equidade de gênero é desafiador e devemos incentivar as meninas ao ingresso nas áreas de ciências, tecnologia e matemática. Não há limite para a coragem de todas as mulheres”.