Programa Mulher é reconhecido para além do Sistema Confea/Crea e Mútua

No decorrer dos três dias do 12º Encontro de Líderes, o Programa Mulher esteve com seu espaço sempre lotado, contando inclusive com a presença da ministra da Ciência e Tecnologia e Inovação, eng. eletric. Luciana Santos. O evento também foi prestigiado pelas presidentes de Creas Rosa Tenório (AL), Carmem Nardino (AC) e Adriana Falconery (PA).  As representantes dos comitês gestores do Programa Mulher nos estados compartilharam suas experiências com todo o público presente. As profissionais reforçaram a importância do fortalecimento do Programa, inclusive com o apoio dos presidentes de Creas, além da criação de uma rede de apoio e atividades para além do Sistema Confea/Crea. Na ocasião, o gerente de Relações Institucionais, eng. amb. Renato Muzzolon Junior, apresentou a Cartilha do Programa Mulher 2023, que traz dados atualizados, reconhecimento do trabalhos das precursoras e perspectivas para o futuro.  

Gerente de Relações Institucionais, eng. amb. Renato Muzzolon Junior e a coordenadora, eng. agr. Lya Januária Vasconcelos Beiruth (Crea-AC)
Gerente de Relações Institucionais, eng. amb. Renato Muzzolon Junior e a coordenadora, eng. agr. Lya Januária Vasconcelos Beiruth (Crea-AC)

 

Na quinta-feira (2/3), o último dia do evento, foi especialmente marcante, pela presença da advogada na área de violência de gênero Renata Amaral, que palestrou sobre a violência contra mulher, esclarecendo sobre os tipos de violência e apresentou dados da pesquisa “Violência contra a mulher no ambiente universitário”, promovida pelo Instituto Avon. Renata informou que 67% das mulheres relataram haver sofrido algum tipo de agressão sexual psicológica, moral ou física por parte dos homens em uma instituição de ensino superior. Já 56% confirmaram assédio por parte de professores, estudantes e técnicos administrativos, enquanto 36% admitiram deixar de participar de atividades na universidade por medo de violência. “Números como este reforçam a importância de iniciativas como o Programa Mulher para trabalhar a inserção feminina, os direitos das profissionais e para que saibam como devem agir em caso de assédio”, pontuou a palestrante. Amaral ainda apresentou o resultado da pesquisa “Segurança das mulheres no transporte”, do Instituto Patrícia Galvão, a qual revela que 97% das mulheres afirmaram já terem sido vítimas de assédio em meios de transporte e 71% conhecem alguma mulher que já sofreu assédio em público. 

Advogada na área de violência de gênero Renata Amaral
Advogada na área de violência de gênero Renata Amaral



Trocas, compliance e paridade 
Foi durante a palestra de Renata Amaral que as precursoras se sentiram confiantes para ocuparem os microfones e compartilhar com as pessoas presentes as experiências em décadas de profissão.  A conselheira federal, eng. agr. Marcia Laino, compartilhou sua experiência, quando, com 20 anos, foi trabalhar na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). Ela era a única profissional a realizar a técnica de curva de nível na cidade, entretanto, teve de ouvir de um homem que não aceitaria o trabalho feito por uma mulher. “A partir daí comecei a trabalhar dobrado e adquiri a fama de que eu “valia” por dois homens. Mas é isso, sempre temos de trabalhar bem mais para ter o valor reconhecido. E no decorrer da minha carreira sofri assédio de colegas, tive minhas ideias roubadas, e muitas vezes me silenciavam”, desabafou a conselheira.

Conselheira federal, eng. agr. Marcia Laino
Conselheira federal, eng. agr. Marcia Laino

 

Ao refletirem sobre a rotina, a geol. Fabiola Bento desabafou: “A mulher se masculiniza para sobreviver na profissão. Eu me camuflo na obra para não ser assediada”, disse a geóloga, que trabalha em área remota. A coordenadora do Programa Mulher no Piauí, eng. agr. Teresinha Aguiar, completou: “O assédio é o que mais afasta as mulheres da área de ciência, tecnologias e das engenharias. Assim como os salários são inferiores aos dos homens no meu estado”.

Foi a partir desses relatos que a palestrante sugeriu ao final para que seja criado um compliance de gênero, que consiste no enfrentamento à discriminação e ao assédio sexual e moral e incentivar a formação e promoção das mulheres, abrindo oportunidades com base no quesito gênero. E ainda concluiu sugerindo: “Na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) trabalhamos pela paridade. Em 2020, foi aprovado um novo regramento, as chapas só serão registradas se alcançarem a cota de 50% de mulheres, tanto para titulares como para suplentes. Os efeitos da aprovação da paridade de gêneros já foram sentidos no pleito de 2021”.  Veja a apresentação. 

 

Palestras
Na quarta-feira (1/3), os participantes também assistiram à palestra sobre Inteligência Emocional com a psicóloga Sheila Sampaio. Ecossistema de Inovação foi o tema apresentado por Marilia Silveira, que é especialista em cultura e processos de inovação.  De acordo com os dados apresentados, serão necessários, em média, 132 anos para que a igualdade de gênero seja possível no mundo. Em relação ao Brasil, o país ocupa a posição 94 em um ranking com 146 países. No eixo sobre desigualdade da participação das mulheres na política, o Brasil ocupa a posição 104. Perante os 22 países da América Latina e Caribe, ocupa a posição 20, sendo um dos países com maior desigualdade de gênero. Confira a íntegra da palestra. 

Fonte: Confea