Mauro Wainstock fala sobre harmonia geracional no Encontro de Líderes

Jornalista, publicitário e consultor abordou a necessidade de mudanças no ambiente de trabalho durante o evento.
Atração do 13º Encontro de Líderes na última quinta-feira (21/2), o influenciador digital, especialista em desenvolvimento profissional, sobretudo em hackathons (maratonas de programação, em português), preocupados com a integração ou “harmonia” geracional para empreendedores e startups, Mauro Wainstock cativou o público em um bate-papo coordenado pela estudante de Engenharia Cartográfica e de Agrimensura, Bianca Santos, do Crea-Jr Piauí, sobre temas como as diversidades/afinidades etárias e que contou ainda com as participações do presidente do Confea, eng. Vinicius Marchese, do influenciador eng. Henrique Gonzalez e da diretora executiva da Rêve Gestão de Pessoas e Sócia Diretora da Stag Central de Estágios e Desenvolvimento, Carolina Borges. Com mais de 70 mil seguidores pelo Linkedin e prestes a publicar dois livros, o jornalista, publicitário e consultor participou ainda de um PodCast ao vivo, conduzido pela jornalista Bárbara Oliveira. 

No PodCast, ele começou abordando a importância do networking. Parabenizando o Confea pela abrangência do evento, ele considerou que “as histórias de vida de cada participante do “Encontro de Líderes) traduzem muita riqueza profissional e essa troca presencial é riquíssima. Quando você consegue interagir com pessoas que têm essas diversidades todas contempladas, os dois lados ganham, todos ensinam e todos aprendem. E o networking hoje é responsável por 85% das recolocações profissionais do Brasil, é responsável por amplificar a nossa marca profissional perante o mercado. Não basta ter apenas o conhecimento tecnológico, nós precisamos de interação, enriquecendo a nossa formação profissional”, descreveu.

Jornalista Bárbara Oliveira em PodCast com o influenciadorJornalista Bárbara Oliveira em PodCast com o influenciador

Em seguida, abordou a noção de interação geracional e o conceito de “ageless”, tema de artigos para a revista Exame. O influenciador considera que o conceito de geração, do ponto de vista acadêmico, pode estar adequado, “mas do ponto de vista prático da sociedade, está totalmente ultrapassado”. Para Wainstock, falar em gerações é uma forma de estereotipagem. “Profissionais com 70, 90 anos estão se reinventando, enquanto outros com 20, 30 anos, estão velhos, no sentido negativo da palavra”. Assim, surge o conceito de “ageless”, definido por ele como pessoas que se agrupam por suas afinidades comportamentais. “Isso é que é o mais importante.  E essa interação de um grupo com outro é fundamental”, frisou. 

A continuidade laboral foi outro ponto destacado pela jornalista Bárbara Oliveira. “Antigamente, a gente tinha um tripé de educação, que parava em certa idade; depois tinha o emprego, que parava em certa idade, e entrava na aposentadoria quando tinha 50, 60 anos. E falecia dois, três anos depois. Era mais ou menos assim que funcionava. Hoje em dia, a educação é um aprendizado contínuo; o emprego formal se transformou em trabalho, você pode fazer virtualmente, com horário flexível; e a aposentadoria pode até acontecer, mas se você se aposentar com 50, 60 anos e ficar em casas, você vai durar muito pouco tempo. O que o profissional vai fazer nesses 30 anos de vida adicional que ele deve ter? Ele tem que ser ativo. E isso tem que estar contemplado para o profissional e para o mercado de trabalho, adaptando funções, horários. A sua experiência profissional pode ser usada para encurtar o tempo que outros profissionais precisariam, o que representa custo para a empresa”, sugeriu. “Eu não falo de conflito, falo de harmonia geracional”.

  

Conhecimento construído

Já na programação produzida pelo Crea-JR, foi possível confirmar a intimidade de Mauro Wainstock com a temática, além de seu carisma com o público. Destacando a importância da aplicação, desde o ensino, e da integração entre os diversos atores, públicos e privados, envolvidos na atuação da Engenharia.  

O presidente Vinicius Marchese considera que a grande dificuldade da renovação do Sistema é que os cursos não são atrativos para a atual geração. “Fazer engenharia é chato hoje. Na minha época era também, mas você via algum sentido. Então, precisamos ter um foco na modernização dos cursos. O país hoje não reconhece a mão de obra técnica, valoriza mais o ponto de vista do Direito, mesmo que as regras de negócios não são claras. Além da modernização dos cursos, precisam ser iniciadas frentes de atuação e executadas de maneira conjunta entre todos os entes responsáveis. E nós podemos ajudar nessa situação”.

Bate-papo conduzido pelo Crea-JR durante o Encontro de LíderesBate-papo conduzido pelo Crea-JR durante o Encontro de Líderes

Segundo ele, "o hackathon é uma experiência fantástica para troca de experiência e integração geracional. Quanto mais vocês conseguirem se abrir para o novo – e aqui eu não falo de idade, mas de perspectiva de vida – mais vocês vão aprender com histórias de vida dos outros, que são diferentes das nossas". Dirigindo-se aos jovens profissionais e futuros profissionais, Wainstock aconselhou: "Saiam da zona de conforto e olhem o que está acontecendo no mundo. Façam networking genuíno, coloquem nome e sobrenome nos crachás, interajam nas redes sociais, tenham um perfil adequado no Linkedin, fortaleçam e valorizem o sobrenome profissional sempre e não apenas quando estiverem desempregados. Olho no olho é importante, mas, paralelamente, aproveite todas as oportunidades do mundo virtual.

Em outro momento, destacou que treinamento é importante, e quanto mais a gente treinar mais a gente começa a acertar. "Na defesa pessoal Krav magá, por exemplo, a aula é dividida em parte física e técnica. Quando você vai exercitar a parte técnica, você fica uma hora inteira treinando um mesmo movimento. E na aula seguinte você repete o movimento. A mesma coisa deve ser na engenharia porque é uma profissão em que você não pode errar".    

Um exemplo do impacto que as ideias de Mauro Wainstock estão provocando sobre profissionais e estudantes do Sistema é o coordenador do Crea-Jr BA, o estudante de Agronomia João Victor Nascimento, que o conheceu há cerca de dois anos, por meio das suas redes profissionais. “Ele é um exemplo para mim como jovem liderança. O grande ensinamento que ele traz é que eu não posso ficar preso em paradigmas. Assim, Mauro incentiva que eu tenha voz, mesmo ainda como estudante. Ele mostra que o conhecimento é construído durante a trajetória, e não no final da caminhada”. Para João Victor, é possível utilizar esse ensinamento no dia a dia no campo. “Lá, vou liderar profissionais com baixa formação. Então, preciso ter uma comunicação clara. Ele também me fez entender melhor a resistência à idade que as pessoas possam ter”. 

Coordenador do Crea-JR BA, João Victor Nascimento, descreve a importância da visão de Mauro WainstockCoordenador do Crea-JR BA, João Victor Nascimento descreve a importância da visão de Mauro Wainstock

Sobre a apresentação de Mauro, o coordenador do Crea-Jr BA considera que ela poderá contribuir para a sua interação com os acadêmicos e o diálogo com as instituições de ensino, que muitas vezes não conhecem a importância do Sistema. “Algumas atividades como o hackatom podem ajudar nisso, atrelando o Sistema aos acadêmicos para que eles sintam o que é o Sistema”, diz, confiante na implementação de iniciativas no regional baiano, com o incentivo da nova gestão do Confea, e informando que a atuação do fórum reúne 34 instituições de ensino e cerca de seis mil estudantes.

Entrevista

No intervalo entre esses dois momentos do 13º Encontro de Líderes Representantes do Sistema Confea/Crea e Mútua, Mauro Wainstock ainda nos concedeu a entrevista abaixo.

Confea – Quais são as principais expectativas que os profissionais da Engenharia, da Agronomia e das Geociências podem ter sobre a sua apresentação?

Mauro Wainstock – Eu acho que eles têm que ter características comuns a outra área qualquer. O que eu vou falar serve para todas as áreas. Primeiro: estar atento do ponto de vista técnico, atualizado com o que tem de melhor do ponto de vista técnico. Segundo: a tecnologia tem que estar voltada para o teu exercício profissional. Pra que ter o celular mais moderno, se você não utiliza as funções do celular com a versão mais antiga? Então, você tem que estar antenado com aquelas tecnologias que vão ser úteis profissionalmente. Terceiro: autoconhecimento, como você pode aprimorar as suas “soft skills” (habilidades comportamentais, em português)? Como você pode aprimorar os teus comportamentos? Oratória; adaptabilidade; o poder de interação com o outro; o teu networking e a tua marca profissional. Quem você é no mercado? Como o mercado está vendo o teu nome e sobrenome reais? Isso é fundamental. Então, você não deve ser o fulano da empresa X. Você tem nome e tem sobrenome, e é isso que é fundamental. Porque se você sair daquela empresa, você perdeu o teu sobrenome real. Então, você tem que valorizar sempre quem você é, a sua história e o porquê de você estar sentado lá, ou seja, valorizar-se. Então, essas características eu acredito que sejam fundamentais, não para o profissional do futuro, mas para o profissional de hoje.

Confea – Hoje, muitos desses profissionais estão acima dos 40 anos. Você desmistifica a questão etária, ao abordar os “ageless” (“sem idade”, em português). Fale um pouco mais sobre esse tema. 
 

Mauro Wainstock – As gerações mais novas talvez conheçam algumas ferramentas tecnológicas que possam acelerar o processo. E os mais velhos têm experiência. E há outra característica que é estar aberto. Não desqualificar um ou outro por qualquer motivo. Isso independe de idade, independe de formação, independe da faculdade que ele fez. O que importa é saber: o que aquele profissional vai conseguir agregar para mim? Se ele conhece uma ferramenta que vai ser útil, maravilha, fantástico. Se eu conseguir realizar aquele tipo de projeto em que ele está errando, eu posso ajudar ele também. Então, é nessa interação que vão sair as melhores soluções.

Jornalista e influenciador Mauro WainstockJornalista e influenciador Mauro Wainstock

Confea – Seja para atuações permanentes ou esporádicas, como os “jobs”? 

Mauro Wainstock – Das duas formas. O que tem que mudar é o comportamento, o “mindset” do profissional. Se ele vai exercer uma função CLT ou através de “job”, não importa. Ele tem que buscar as melhores alternativas, ele tem que buscar as melhores formas de aquele projeto ser entregue de maneira mais interessante possível, mais agregadora possível, e, ao mesmo tempo, com o menor custo possível. Não é assim que a engenharia funciona? (risos).

Confea – Falando em engenharia, uma das características dela é esse sentido prático, que você estava mencionando. Esse profissional já teria essa facilidade para adaptar-se a esse modelo?

Mauro Wainstock – É exatamente isso, a teoria é muito importante, para a Engenharia, nem se fala. A capacidade de chegar até o final da faculdade, que tem muitos que desistem, é claro que é um desafio gigante. Mas a partir do momento em que você realmente está interessado em ser um profissional diferenciado no mercado, você não deve apenas buscar o conhecimento técnico e o “canudo” acadêmico. Mas sim, interagir com os outros, trocar, absorver outros tipos de comportamento. Hoje em dia, por exemplo, o poder da comunicação e da resolução de problemas são características hoje muito valorizadas. Talvez, o profissional mais jovem possa resolver aquela questão de maneira mais adequada, então, traz ele para a tua equipe. Você tem que ter a percepção de que ele é valioso, e como você vai contratá-lo, não importa. Você tem que ter essa capacidade de abertura, que às vezes é mais importante do que o conhecimento específico daquela área. Entender que todos são extremamente importantes. 

Wainstock enfatizou a importância da convivência intergeracionalWainstock enfatiza a importância da convivência intergeracional

Confea – Em matéria publicada pelo Confea, o presidente Vinicius Marchese fez muitos elogios ao seu trabalho. Como é participar dessa troca com um conselho profissional que tem 90 anos e hoje tem essa preocupação em atualizar as suas posturas, inovar com uma perspectiva que você pesquisa há 30 anos. Como você percebe isso e até a possibilidade de levar essa visão para as políticas públicas?

Mauro Wainstock – Eu conheci o Vinicius no Crea-SP, foi um evento incrível, que eu até dou exemplo desse evento em algumas ocasiões, em que ele chamou profissionais de várias diversidades diferentes, cada um com alguns minutos para falar e um debate, e ele demonstrou as ações que ele estava fazendo em prol da diversidade. Ou seja, quando você consegue abrir a discussão, quando você consegue mostrar as dificuldades, desafios e benefícios que tem essa integração toda, você está trazendo para a sociedade um tema fundamental. E por isso o Vinicius tem todo o mérito, e não por acaso ele foi eleito presidente do Confea. Então, eu agradeço demais o convite para estar aqui também porque só aquele foi um exemplo prático formidável.

Fonte: Confea

Referência: Santo Rei Produtora Audiovisual/Confea